quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Entre bailarinos, palhaços e sorrisos


Por Marcela Benvegnu

Era dia de sol em Curitiba e pontualmente às 13h30, na última semana, a Cia. de Dança Masculina Jair Moraes, de Curitiba, chegou ao Hospital Pequeno Príncipe, para mais uma apresentação do projeto Magia da Dança, na Praça do Bibinha. Enquanto os pacientes, os cuidadores e os acompanhantes iam sendo avisados que a apresentação começaria em pouco tempo, o local começou a ser modificado. Ali, como tem acontecido todo o mês, o espaço tem se transformado em um pequeno teatro.

Cia. Masculina Jair Moraes

Os bailarinos acompanhados de o diretor se posicionaram no local para que o corpo entendesse e ao mesmo tempo se adaptasse ao novo espaço. O som foi testado, as cadeiras foram colocadas em círculo. As crianças começaram a chegar e curiosas não sabiam direito o que iria acontecer: um grupo de palhaços? Meninos? Eles dançam?




“Mas menino também dança?”, perguntou Thobias Palermo Moraes, 8 anos. Dança! Thobias e outras dezenas de crianças puderam assistir à apresentação do grupo que optou por interpretar uma trupe circense, com direito a maquiagem e nariz de palhaço. “Eu não sabia que também poderia dançar. Adorei e queria ser um palhaço como eles”, disse o garoto. Quem também se divertiu muito e brincou com um dos bailarinos foi Nathália Moraes, 4, que gostou de bater palmas com um deles.







BRINQUEDOTECA - Depois de muita dança, saltos e piruetas com as crianças na praça, foi a vez da trupe subir para a Brinquedoteca do 5o andar, que estava cheia de crianças curiosas para brincarem com aqueles rapazes de narizes vermelhos. “Hoje, pela primeira vez, em me senti fora do hospital. Essas ações são bacanas porque nos fazem sair da rotina e esquecer um pouco o porque estamos aqui”, disse Iviane Dália Ferreira, 31, mãe do pequeno Miguel Ferreira Cruz, 2.



Miguel Ferreira Cruz se divertiu com os palhaços bailarinos

Miguel e a mãe cantam com um dos bailarinos

A performance da Cia. de Dança Masculina Jair Moraes no HPP apresentou a dança pela primeira vez para Rosana Oliveira da Silva, 27, que estava com o filho, Pedro Henrique da Silva Moraes Azevedo, 1. “Eu nunca tinha visto isso em nenhum lugar. Eles dançam de forma bonita e depois brincam com as crianças. Assim elas perdem o medo dos palhaços”, disse. Stefan Paber, 10, concorda. “Eu tinha medo e não tenho mais. Gostei de brincar com eles”. “Disso tudo o que vale é a pessoa vir aqui fazer algo de bom para as crianças e depois ver que o meu filho está sorrindo para eles”, finaliza Margarete Paber.


Stefan Paber - Depois da apresentação, sem medo de palhaços


ENCONTRO ESPECIAL - A apresentação no HPP foi especial para um bailarino particularmente. Thiago Macedo, 27 anos, ficou emocionado ao chegar ao Pequeno Príncipe. Para ele, o encontro seria diferente, ele já foi um paciente e hoje pode trazer o mesmo carinho que o trataram. “Pela primeira vez, pude retribuir ao Hospital Pequeno Príncipe o que um dia fizeram por mim. Eu me tratei aqui por oito anos aqui e me lembro dessas ações com carinho. Hoje voltar para dançar para eles e dividir um pouco da minha alegria é muito especial. Estou emocionado”, diz.



Thiago Macedo de volta ao HPP, agora como voluntário


Brincadeira de criança com os bailarinos
“Foi muito gratificante participar deste projeto e dançar para eles”. Evandro Teixeira, 25

Entre um jogo e outro, uma dança

“Me surpreendi como eles são abertos para a gente. Se a gente chega feliz, eles também ficam. É maravilhoso”. Leonardo da Cruz, 25



Diversão em forma de solidariedade
“Foi muito gostoso. Fiquei com medo inicialmente porque não sabia o que encontrar. Mas foi gratificante”. Emmanuel Fagundes, 25


Movimento na Brinquedoteca do 5º andar
“A gente percebe o carinho deles no olhar”. Wesley Tavares, 18


Jair Moraes em brincadeira

“É de extrema importância para o artista que ele divida um pouco da sua arte com o outro que não tem acesso. A vida do bailarino é difícil e aqui eles encontram outra realidade. É uma troca de aprendizado constante que só nos faz melhores como seres humanos”, Jair Moraes, diretor do grupo